"Mas a noite desmanchava-se no oriente, cheia de flores amarelas e vermelhas. E os cavalos erguiam, entre mil sonhos vacilantes, erguiam no ar a vigorosa cabeça, e começavam a puxar as imensas rodas do dia"- Cecília M. z * m <3 ***********************
La negra y la rosa - Juan Ramón Jiménez
"Una realidad invisible anda por todo el subterráneo, cuyo estrepitoso negror rechinante, sucio y cálido, apenas se siente. Todos han desejado sus periódicos, sus gomas y sus gritos; están absortos, como en una pesadilla de cansancio y de tristeza, en esta rosa blanca que la negra exalta y que es como la conciencia del subterráneo." - La negra y la rosa - Juan Ramón Jiménez
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Hoje
Imagem: Otto Dix, A Jornalista Sylvia Von Harden
Hoje acordei com preguiça das pessoas. Hoje acordei com uma saudade de poucas que me bastam. Minha culpa arde por não saber ser má.
Arpejos
1
"Acordei com uma coceira terrível no hímen. sentei no bidê com um espelhinho e examinei minuciosamente o local. Não surpreendi indícios de moléstia. Meus olhos leigos na certa não percebem que um rouge a mais tem significado a mais. Passei uma pomada branca ate que a pele (rugosa e murcha) ficasse brilhante. Com essa murcharam igualmente meus projectos de ir de bicicleta à ponta do Arpoador. O selim poderia reavivar a irritação. Em vez decidi me dedicar à leitura."
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
SOMBRA
Ouço um filhote de gato a miar à noite.
Meu coração palpita sem que eu possa o controlar.
Uma culpa me assombra...
Envergonho-me.
Corro até a janela. Nada.
Agora é alguém que me chama...
Viro-me, mas não há ninguém.
Deito com roupa e tudo.
Cubro-me em meio a calafrios.
O jeans pesado me amarra.
Fecho os olhos, apertando, espremendo as lembranças.
Mas é no escuro que enxergo,
É no silêncio que nos comunicamos...
Não quero falar.
Ouvir é inevitável.
Tenho medo de meus pensamentos.
Temo não o controlar.
Meus olhos já fechados, agora pesam.
Durmo. Mas não há sonhos.
Meus dedos estão rachados. Não falo sobre eles.
Meu coração palpita sem que eu possa o controlar.
Uma culpa me assombra...
Envergonho-me.
Corro até a janela. Nada.
Agora é alguém que me chama...
Viro-me, mas não há ninguém.
Deito com roupa e tudo.
Cubro-me em meio a calafrios.
O jeans pesado me amarra.
Fecho os olhos, apertando, espremendo as lembranças.
Mas é no escuro que enxergo,
É no silêncio que nos comunicamos...
Não quero falar.
Ouvir é inevitável.
Tenho medo de meus pensamentos.
Temo não o controlar.
Meus olhos já fechados, agora pesam.
Durmo. Mas não há sonhos.
Meus dedos estão rachados. Não falo sobre eles.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Todo Carnaval Tem Seu Fim
Los Hermanos
Composição: Marcelo Camelo
Todo dia um ninguém josé acorda já deitado
Todo dia ainda de pé o zé dorme acordado
Todo dia o dia não quer raiar o sol do dia
Toda trilha é andada com a fé de quem crê no ditado
De que o dia insiste em nascer
Mas o dia insiste em nascer
Pra ver deitar o novo
Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada
Toda Bossa é nova e você não liga se é usada
Todo o carnaval tem seu fim
Todo o carnaval tem seu fim
E é o fim, e é o fim
Deixa eu brincar de ser feliz,
Deixa eu pintar o meu nariz
Toda banda tem um tarol, quem sabe eu não toco
Todo samba tem um refrão pra levantar o bloco
Toda escolha é feita por quem acorda já deitado
Toda folha elege um alguém que mora logo ao lado
E pinta o estandarte de azul
E põe suas estrelas no azul
Pra que mudar?
Deixa eu brincar de ser feliz,
Deixa eu pintar o meu nariz
Princesa Isadora
Isadora era uma princesa completamente diferente do que toda a monarquia poderia apresentar. Sua cor favorita não era o rosa ou azul celeste, era o cinza. O cinza que era o não e o sim ao mesmo tempo, que era o talvez ao vivo e a cores ou à falta delas.
Dias de sol e passeios em lagos não a animavam como dias nublados e banhos de chuva. Ai... a chuva. Não havia cena que a encantasse mais que a chuva, encantamento é mesmo uma palavra que combina com as sombras da princesa.
Gostava de dias cinza porque a deixavam melancólica, triste, e ela achava a tristeza linda. Não a tristeza que faz doer fundo, que parece explodir uma bomba de dentro para fora. Se bem que se fosse uma bomba de chocolate com o barulhinho da chuva na janela, bem que seria gostoso... Ela gostava mesmo era da tristeza que cria, que paralisa, que emociona, que dá taquicardia.
Ela sabia, como ninguém, sentar à janela com uma música azul ao fundo, as luzes apagadas, vendo as nuvens se espremerem lá do céu só pra ela suspirar e imaginar coisas que só podia com esse cenário.
Isadora era completamente atrapalhada e sem saber nada do que queria, sabia o que esperar da vida: não esperar nada ou quem sabe tudo. Quem sabe? Não se sabe... Nem queria saber, gostava de surpresas, de desafios que a levassem ao desatino e brincassem de fazê-la sentir 12 tipos de frio na barriga. O frio, o fio, o tempo, coisas que também encantavam Isadora. Isadora gostava de coisas, mas gostava de gente também e mais ainda de bichos. Gatos eram os seus preferidos, só para ela havia sete, um de cada jeito, com um balançar único sobre muros e telhados. Gostava das borboletas azuis e amarelas e também de margaridas. As margaridas eram tão simpáticas. Mas de tudo isso, o que ela mais gostava mesmo era de sua torre alta, porque lá podia se isolar de tudo e todos e ser triste ou feliz ou o que desse na telha do telhado da torre. Sua torre? Os livros.
Dias de sol e passeios em lagos não a animavam como dias nublados e banhos de chuva. Ai... a chuva. Não havia cena que a encantasse mais que a chuva, encantamento é mesmo uma palavra que combina com as sombras da princesa.
Gostava de dias cinza porque a deixavam melancólica, triste, e ela achava a tristeza linda. Não a tristeza que faz doer fundo, que parece explodir uma bomba de dentro para fora. Se bem que se fosse uma bomba de chocolate com o barulhinho da chuva na janela, bem que seria gostoso... Ela gostava mesmo era da tristeza que cria, que paralisa, que emociona, que dá taquicardia.
Ela sabia, como ninguém, sentar à janela com uma música azul ao fundo, as luzes apagadas, vendo as nuvens se espremerem lá do céu só pra ela suspirar e imaginar coisas que só podia com esse cenário.
Isadora era completamente atrapalhada e sem saber nada do que queria, sabia o que esperar da vida: não esperar nada ou quem sabe tudo. Quem sabe? Não se sabe... Nem queria saber, gostava de surpresas, de desafios que a levassem ao desatino e brincassem de fazê-la sentir 12 tipos de frio na barriga. O frio, o fio, o tempo, coisas que também encantavam Isadora. Isadora gostava de coisas, mas gostava de gente também e mais ainda de bichos. Gatos eram os seus preferidos, só para ela havia sete, um de cada jeito, com um balançar único sobre muros e telhados. Gostava das borboletas azuis e amarelas e também de margaridas. As margaridas eram tão simpáticas. Mas de tudo isso, o que ela mais gostava mesmo era de sua torre alta, porque lá podia se isolar de tudo e todos e ser triste ou feliz ou o que desse na telha do telhado da torre. Sua torre? Os livros.
Pare.
[De joelhos no sofá, cotovelos na janela, mãos suportando a face meio de lado e os olhos perdidos naquela chuva achada. Não tinha cena que paralisasse mais, mas o engraçado é que parando disparava o coração e levava a cabeça pra longe... Longe... Num longe assim meio perto, meio vago, meio embaçado. Embaraçada naquela chuva, ela sente, respira fundo esse cheiro que a chuva lhe dá de presente cada vez que cai do céu. Pode estar no trapiche, no curral, no asfalto. O cheiro da chuva é sempre inconfundível, mesmo com tantos toques diferentes, levantando um pedaço do lugar onde cai e trazendo um pedaço do lugar de onde veio. Chuva. Se pudesse, se chamaria assim pra paralisar quem mais parasse na janela, parasse a rotina, só pra ouvi-la, pra senti-la, assim, chovida. Adora a coreografia dos lampejos no céu, dos trovões e relâmpagos, colorindo, para lá, pra cá os ventos que se atrevem a provocá-los e então começa o show, abrem-se as cortinas e os ventos provocados assoviam e mexem freneticamente arrastando o que lhes vêm pela frente. Não há frente, não há costas, a chuva é feita de lados. E ela... Adorava abrir um lado seu pra deixar a chuva passar.]
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