La negra y la rosa - Juan Ramón Jiménez

"Una realidad invisible anda por todo el subterráneo, cuyo estrepitoso negror rechinante, sucio y cálido, apenas se siente. Todos han desejado sus periódicos, sus gomas y sus gritos; están absortos, como en una pesadilla de cansancio y de tristeza, en esta rosa blanca que la negra exalta y que es como la conciencia del subterráneo." - La negra y la rosa - Juan Ramón Jiménez

sexta-feira, 25 de junho de 2010

pra Mim

Exausto

Adélia Prado






Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.

MATTINA - Giuseppe Ungaretti


    Santa Maria la Longa il 26 gennaio 1917.

Mattina

"M'illumino d'Immenso."

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Experiência

Os pés brancos e macios do inverno estavam agora despidos, murchos, pele fina caminhando sobre aquele amontoado de pedregulhos que iam aos poucos perfurando as camadas da epiderme, manchando o que antes era um monocromático marrom, agora, de um vermelho vivo, perfumado.
Não pensava na dor, a dor maior não era a física, essa bem sabia que passaria, com mais ou sem demora. Difícil era sangrar por dentro. Seguiu naquela peregrinação solitária sem a demanda da platéia para testemunhar um auto-flagelo, a penitência era aquietar sua angústia que ladrava, esperneava, rangia os dentes da boca do estômago, perfurava todos os órgãos internos – um a um – lentamente, numa morte assistida e sem cura.
A cura era a morte, a morte apenas. É na morte que se depara com o clarão do mundo, com a grande verdade, com cálice sagrado e os segredos da humanidade, com as respostas para todas as perguntas perseguidas ao longo dos anos – sejam muitos ou poucos – vividos, mas o certo, é que provavelmente o que se verá é um hediondo, besta: NADA, gigante, gargalhando, cuspindo saliva na face de quem o encara.
Caminha-se e busca-se a vida toda, entre o bem e o mal chegar ao dia em que nos depararemos com a verdade e ei-la: o absoluto nada. E ao contrário do senso comum, pior que sentar no colo do capeta é não ter no que se agarrar, entre céu e inferno, entre os piores pesadelos, há uma coisa aterrorizantemente pior: o nada. Só o nada nadifica. Disso bem sabia... Entre voltar à origem preferiu a cegueira. Deu um passo para trás e assim refez todo o caminho de volta, cabisbaixo, recolhendo gota-a-gota, titilando em seus ouvidos, aquilo que já não estava mais ali. Já não era.

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